19 março 2022

Dificuldades de viver na Noruega

 


 Sælevatnet, Fyllingsdalen, Bergen, Noruega

Depois de tanto tempo volto a escrever, sobre o que muitos me perguntam ”inbox” no facebook ou outra rede social por aí.  Vou escrever um pouco (dividir talvez em alguns posts! ) e descrever as barreiras e dificuldades que encontro por aqui. Esse post estava guardado aqui! Está um pouco atrasado!


Em alguns meses completo 5 anos de Noruega, e confesso que foram anos difíceis tal e qua aos que passei na África. Aí você pensa ou diz, mas «pow» então você vê dificuldade em tudo Carolina. E eu posso te responder que não, são duas realidades diferentes que geram, portanto, problemas diferentes! As dificuldades aqui são outras, além da barreira da língua, a cultura e totalmente diferente do que estou acostumada! Eu gosto de conversa, alias muitos dizem que falo demais que converso pelos cotovelos (ahahaha), e por aqui não cola muito isso! Ninguém puxa conversa contigo no ponto de ônibus (mesmo sendo vizinhos), ou no assento do “busão.” Vizinhos não conversam na porta ou no estacionamento perto do carro. Mesmo que você treine regularmente em uma academia, ou com um time, não há muito aquele lance de jogar conversa fora
regularmente. Ah mas ai você dirá mas nem no Brasil minha amiga! Mas o que sinto aqui e muita frieza, moro no mesmo prédio mesmo antes de morar aqui. Sempre tivemos esse ap mesmo quando morávamos na África, os vizinhos em sua maioria são os mesmos, e temos uma relação estabelecida da seguinte forma, se for conveniente rola um bom dia, mas se não e vida que segue. 

Yoda sauda vocês em um dos nosso passeios pelo Svarttjønn. Sempre com capinha de chuva!

Sim em varias oportunidades vizinhos passaram por mim aqui na porta do predio, ou na rua por aqui e simplesmente não falaram nada… E no inicio me chateava e achava que havia uma problema comigo, e hoje ja aprendi a ignorar e pensar que a perda é deles! E que os noruegueses não säo como brasileiros do tipo que jogam conversa fora com esse ou aquele vizinho... Mas episódios como esse me fazem analisar (acho que analiso demais as situações Oo) e ver como a vida e solitária por aqui. Meus vizinhos são em sua maioria mais velhos que eu e meu marido, mas isso nunca foi empecilho no Brasil para estabelecer uma amizade por exemplo. Aparentemente aqui na Noruega a idade conta e muito como um dos requisitos para amizade.  E como comentei algumas linhas acima e difícil estabelecer uma amizade mesmo com os colegas de time. Treino com algumas meninas e a amizade e um tanto quanto limitada ao treino. E difícil porque mudar para um lugar novo e dificil, e as vezes me pergunto se a idade não influencia nisso. Me recordo que mudei algumas vezes na vida, escola, casa… E não era tão difícil!
A dificuldade que sinto hoje em ter chegado aqui, foi a mesma em Luanda no início, fazer amizade, espantar a solidão. Aqui sinto que e mais difícil quebrar essa barreira, porque cada um vai seguir sua vida, estudar, trabalhar ,cuidar de fiho. Ninguém vive aqui como estrangeiro como por exemplo em Luanda. Por exemplo se estávamos a seguir o cônjuge por lei não se podia trabalhar, e então nos reuníamos e procurávamos estar em algum grupo que fizesse por exemplo ações de caridade. Já na Noruega temos sim obras de caridade, mas temos outros problemas como altos custos em qualquer atividade, a barreira da língua, etc., etc. E como aqui o país mais caro do mundo, e é onde devo  ficar ate “segunda chamada”, tenho que procurar me encaixar. Sim você leu isso, aprendemos no curso de norueguês sobre os costumes e como devemos fazer ou se comportar nesse ou naquele feriado…. Mas é que como qualquer ser humano as vezes da saudade de encontrar com amigos no bar ou fazer aquele churrasco. E isso só quem mora/morou fora irá entender. Infelizmente o clima e custo daqui onde moro não cabe fazer essas celebrações! Morar longe da família e do nosso país deixa a gente certamente mais patriota, e sentimos falta ate de certas coisas que não eram as nossas favoritas anteriormente.

O unico passeio a montanha do ano! Fløyen no dia do meu aniversario
com uma amiga nova Shaula!

Morar na Noruega não é esse mar de rosas que muitos pregam e anunciam por ai. (até porque todo mundo deve desconfiar quando a esmola e demais...). Lógico também não é um pesadelo. Tem seus problemas, aqui a luta e pra encontrar um lugar no mercado de trabalho, se acostumar com a língua, se habituar com o frio e chuva por exemplo!
Temos estações definidas, e o inverno pra mim é a estação mais cruel. E frio, escuro e onde moro em Bergen, não temos neve, temos gelo que acompanhado dos dias constantes de chuvas formam uma combinação desastrosa. E como uma das atividades locais e ir passear nos bosques e montanhas da cidade ( Fløyen, Ulriken, Blåmann, Rundemann, Lyderhorn, Damsgård, Løvstakken...) essa época é triste e solitária para mim. Ali a saudade, a distância de casa tudo parece ser muito maior, ter um peso maior.  Mesmo depois de ter conhecido pessoas aqui brasileiros e afins, o estilo de vida aqui é diferente como falei acima. Por exemplo cada um tem sua “correria” aqui eles falam muito do “tidsklem” traduzido livremente seria o “tempo apertado, cada um faz como pode para cuidar de si, filhos, casa e família além e claro de treinar. Eu costumo dizer que o dia poderia ser maior que 24 horas para dar tempo para tudo. Eu sinto que todos estão correndo sempre e ocupados demais  com a própria vida de tal forma que combinar um café ou encontro parece uma missão impossível.  
E lógico esse ano ainda ficou mais difícil com a pandemia e o “distanciamento social”.



Amiga, você esta sumida....



Retirado da internet
 

                                                        Sobre a amizade, sobre a solidão.
 

 
 
 Divagaões que insistem em me assombrar....

Andei escutando que não adianta eu esperar do outro o que faço por ele. Ora pois cresci ouvindo ao contrário: Não faça ao outro o que não queres que façam com você..." Pois é, amizade pra mim tomou   uma outra intensidade. Sobre a amizade, sobre a solidão. 
 
Cresci vendo que tudo se tratava de grupinhos, a famosa panelinha. E por mais que eu tentasse, não             me     encaixava. Sempre participei de esportes e sempre estava ali participando e me oferecendo.
Esses dias uma pessoa me disse: "- Sabe qual e o seu problema? Você se esforça demais!".
E aquilo me incomodou e continua me incomodando, como assim? Pois é, percebi que realmente sempre partiu de mim o tentar dar certo, a aproximação , o encontro, o reencontro...
Eu sempre me coloquei no lugar do outro e fiz o que achava que fariam comigo. E agora consigo ver que não vai nunca ser assim.
Eu vou ser boa o suficiente quando é interessante para aquela pessoa, e na maioria das vezes isso e temporário.
Me pego pensando, nossa mas achei que éramos amigas... E o tempo passa e os convites e contatos passam a ser mais esporádicos e acontecem ainda porque eu , lógico insisto em mandar uma mensagem, perguntar como está... E começo a perceber que a amiga sempre fui eu.
E consigo entender que não me basta mais.
Há muito tempo atrás ouvi de uma tia, "quem quer tem tempo, acha tempo" e percebo hoje mais que nunca que não foi a falta de tempo, foi porque não houve o querer.
Eu, Balder er Yoda, 2021
Eu que não pertenço a grupo nenhum, porque não tenho filhos, porque não tenho chalé, sitio ou casa de praia.... deixei de fazer parte, nunca fiz falta. E apesar de tudo, vejo que não foi uma recíproca,não houve troca.
Tantas pessoas que encontrei nesse caminho, muitas tomei como amigos, e na verdade nunca foram! Não houve troca, houve apenas uma das partes a dar algo...
Nunca houve interesse mutuo. E portanto não se estabeleceu um relacionamento!
Com essa pandemia foi fácil ver o quão sozinha e isolada eu vivo...
Foi fácil ver que só eu quem quiz, e que isso não foi suficiente pra construir uma amizade. Se esforçar não adianta! Ser amigo também não...
Eu hoje estou passando por momentos difíceis e vejo que faz falta ter amigos ter com quem sentar, nunca tive uma família perto também. Aliás hoje percebo como era enganada em relação a isso também. Nunca fiz parte, apesar de achar que pertenci. O tempo passa e isso faz falta.
E como conselho de alguém uma pouco mais sábio, disse faça você também o mesmo, não se sacrifique, pra agradar ao outro... Não faça aquilo pelo outro e crie uma expectativas porque elas na verdade servem para nos magoar.
A vida segue, e o mundo continua a girar.
Eu tenho permanecido aqui, criando a casca grossa que me foi aconselhado e aprendendo que não devo me importar ou me deixar abalar.
Passo a reconhecer que aquele velho ditado: "Antes só do que mal acompanhada faz sentido.
E agora tenho um trato comigo mesma de fazer o que for melhor pra mim, e deixar de achar que amizades são feitas para agradar o outro e que eu devo o tempo todo me esforçar mesmo quando não recebo nada em troca!