11 março 2014

Viver no Estrangeiro

E ainda tem gente que fica fascinada quando descobre que não moro em Vitória, ou no Brasil.
Eles pensam que a vida fora do Brasil é mole e que sou rika! Pior e que isso me irrita, como pode pensar que fora do Brasil tudo é melhor, o gramado é mais verde...


Ninguém pensa no que tive que renunciar, deixar pra trás, abidicar? Não sou uma pessoa cheia de amigos ou posses no Brasil, fui criada longe da minha família, não tenho toda a proximidade que queria com meus primos, tios, e avós. Porque muito cedo meu pai foi transferido para uma cidade e minha mãe, eu, meu irmão e ele viemos para Vitória, uma ilhazinha, com ares de grande cidade que apesar de linda e cheia de encantos ainda precisa crescer mais (o povo principalmente). Ainda sinto ares de província por aqui, já pensava isso antes de passar pelo que passei, imagina agora com tanto conhecimento.
A minha vida não é mole como tem tanta gente que pensa, morar aqui, ali e acolá me deixa maluca, sabe o que é comprar 3 coisas iguais várias vezes, para distribuir entre as casas e perder aquela calça linda que você ama por ser sua favorita pois não sabe e não consegue lembrar onde deixou?
Sou uma alma inquieta, e não consigo não fazer planos projetos , e sonhar, faz parte de mim sou pisciana...
Viver aqui ali e acolá, não me deixa ter projetos em andamento, estudos, cursos ou achar meu caminho. Eu estudei Direito no Brasil, me formei em 2007 a 2 turma de Direito da Faculdade Faesa. Sonhava em ser Delegada ou Diplomata, sempre me interessei por outros países, pelas leis, pelo que é certo e errado. Gosto de ser Justa, viver fora do Brasil, não me deu a chance (ainda) de ter um emprego, por enquanto sou a mulher do meu marido. As pessoas incluisve a família dele não olham com bons olhos eu não trabalhar, na época que nos conhecemos e ele me convidou para visitar Luanda, eu não trabalhava, sei que muitas outras deixaram empregos no Brasil, eu estudava para concursos, já tinha passado como suplente em concursos, e mesmo assim ele insistiu que eu fosse. Quando conheci a familia dele a primeira pergunta foi : "você trabalha em que?", e isso me incomoda, sempre incomodou porque se no Brasil as pessoas perguntavam demais, imagina sendo estrangeira, vivendo em outro país e casada com estrangeiro.
Muitos dos colegas do Marido acham também que tenho boa vida, o que incomoda também. Não trabalhar, tem seus contras e acho muitos: não tenho férias, não tenho salário, não tenho descanso (o famoso tempo off).
Vivo presa no trânsito em Luanda, indo ao mercado, voltando do mercado, os meus horários são loucos pois o trânsito e intenso na cidade, alguns dias o meu horario de almoço é na janta!
Nos outros países as coisas também são complicadas, também há filas nos hospitais, alias um fato a ser partilhado, na Noruega você é atendido por um clinico geral, ele analisa seu caso, e decide se é caso de encaminhar para um especialista. Eu estava com um problema na visão, e fui fazer um teste daqueles que fazemos no oftamologista no Brasil, quem aplicou o tal teste foi uma enfermeira. O meu marido ficou na fila por 9 meses para fazer uma cirurgia. O que difere do Brasil e que você não morre na fila do Hospital, morre em casa esperando, como ja percebi.
Acho que o Brasil está longe da perfeição, aliás qual país não está? Temos que aprender a viver com nossas restrições, e lutar pra que as coisas melhorem, o Brasil mudou muito nos ultimos tempos, porque o povo não decidiu se calar.  Mas achar que viver lá, ou acolá é melhor, é prova de um pensamento muito pequeno. Eu pessoalmente daria tudo para voltar a morar no Brasil, pena não depender de mim apenas, pois somos um casal e temos que ver o que é melhor para os dois. Eu reclamo lá como reclamo cá, e já ouvi, então larga do marido e fica no Brasil de pessoas que moram na Noruega por exemplo. Não acho que ninguém tem direito de dizer isso a ninguém, pois trata-se de uma escolha minha e dele, não aceitar ou reclamar faz parte dos seres humanos, principalmente de um mente questionadora como a minha.

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