03 abril 2011

Desabafo sobre Luanda

A vida tem ficado cada vez mais difícil, ou até insuportável para uma pessoa normal. Falo isso para que entendam, que o que estou exigindo é só um ritmo de vida normal, onde se tem agua, energia, conexão com a Internet, e até coisas boas pra se fazer. Chego a pensar que já "passei do ponto" ou como costumo dizer "estou com prazo de validade vencido".


Pois é na verdade o que temos quando habitamos em um país que não é seu, e não possui vínculos (laços familiares) com a terra. Mas aí vem aquelas frases clichês que costumo ouvir e que eu mesma repetia, que brasileiros também possuem sangue africano, que somos na verdade irmãos e tal. Pois é aqui realmente não funciona isso. O povo usa, mas quand ose trata de pedir ajuda, "madrinha madrinha", "mãe", "irmã" eu só ouço quando alguém quer que eu compre no cartão dele no supermercado para eu dar o dinheiro na mão deles, ou quando eles estão pelos semaforos, portas de lojas e mercado e no shopping, sim digo isso, porque apesar de vivermos na capital temos um que mal chega ao tamanho do Bulevard em Vitoria (e um antigo shopping em vitória). E depois ouço pessoas dizendo ah mas tem que entender eles tiveram guerras aqui por mais de 30 anos e tal, sim são 10 anos sem guerr já, num país que a todo dia descobre poços de petróleo, onde o Presidente tem so para uso pessoal mais de 10 carros, sendo que ele normalmente usa 1, onde cada ministro tem a mesma ou mais quantidades de carros, e casas nos condominios fechados, luxuosas que mais parecem terem saído do filme. Com um país tão rico como esse onde o presidente e seus ministros e familia usam batedores da policia para não encarar o transito, porque se sujeitar a sujeira e falta de recursos, quando se claramente ve que não existe esforço dos representantes do povo para melhorar. O problema e que quando falo sobre o assunto, os expatriados, que aqui moram (não importa a nacionalidade) eles dizem ah eles são uns coitadinhos. E não consigo aceitar tal fato, pois o povo aceita e usa isso como desculpa, pra quando você for ao supermercado, ou a qualquer outro lugar para exigirem que você dê dinheiro a eles, é isso mesmo que vcoê leu, aqui as pessoas demandam dinheiro. E não pode ser um trocado como quem pede ai no Brasil ou em outro lugar, aqui não se aceita moeda, as pessoas que as recebem de troco no supermercado, elas não aceitam preferem bala. Da pra acreditar? Ai vem outra desculpa muito usada por eles e pelos que acham que eles são coitados: a isso pe cultural. Meu Deus, como eu posso simplesmente aceitar e fazer parte do circo? Eles não querem emprego, querem o dinheiro, desde quando mudei pra Luanda, procuro emprego no jornal, e o que mais se vê são "autos de comparecimentos" onde empresas listam muitos (muito dificil ser so um) nomes, de pessoas que simplesmente não aparecem mas no emprego por no mínimo 1 mês. E quem será que o coitadinho aqui? Pois é o outro lado da moeda, conheço aqui uns poucos brasileiros, digo isso porque de acordo com a embaixada eles são mais de 35 mil hoje em Luanda (dados de 2010) e alguns deles cehgam aqi enganados por angolanos, não tem casa, comida ou salário, tem que ir embora com ajuda de amigos. Eles nos maltratam sim, dizem que estamos aqui para roubar, mas a verdade e que a mão-de-obra aqui não é especializada e pelo que tenho visto (experiencias) que eles querem ser chefes, mandar mas ninguem quer pegar no pesado. Mas o governo em vez de investir em educação, fez melhor, obriga as empresas a contratar angolanos (2,5%) a cada estrangeiro que contrate, e não é só isso também não libera vistos e carimba passaportes de pessoas que nunca pisaram em Luanda como "persona non grata" a seu bel prazer. Sim isso tem acontecido demais. E fico a pensar se isso é a melor saída, não educar o povo, achar correto que vivam na sujeira (pois o fornecimento de agua é muito falho) achar que todos tem dinheiro para comprar geradores (o fornecimeno de energia e da mesma forma). Vale ressaltar que a energia elétrica, fornecimento de água, serviços de tv paga (em sua maioria) bem como eles dizem aqui  outros "business" aqui na cidade pertencem ao Presidente ou a algum membro direto de sua família. O que se vive aqui é o medo, pois as pessoas preferem se esconder a enfrentar. O que venho com esse texto mostrar não é reclamação é a indignação de ver um povo que ja sofreu guerras invasões, foi escravizado e que hoje não goza de sua liberdade, senta e ve a vida passar e exclama quando se comenta algo "isso é Angola". Esse conformismo e impressionante, eles preferem sair daqui e tentar vida em outros paises do que ficar e lutar. Isso é um grito de socorro, e um alerta, para que as coisas mudem, para que o povo angolano mude. Não desconte em estrangeiros ou quem quer que seja, achando que nós somos o mal. Abram os olhos e vejam que o mal esta aqui, a cada vez que aceitam tudo e a cada vez que abandonam o país. O que tem que ser feito e exigir que os governantes do país tomem outra posição, mudem para melhor. E espero que isso aconteça logo.

2 comentários:

  1. Carol,
    Não temos a pretensão de acertar sempre. Mas precisamos começar de algum ponto. Todos aqueles que, de alguma forma, manifestam sua indignação com as injustiças que o mundo nos apresenta, com certeza estarão contribuindo para a construção de uma sociedade melhor. Compromisso com a justiça não tem pátria.

    Daniel Ferreira

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  2. Obrigada Daniel, a parte ruim é que as pessoas nem sempre veem com bons olhos!

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