Não poderia deixar de publicar aqui, dividir, copiar ou falar, sobre Luanda, mesmo estando no Brasil, minha vida por enquanto continua lá, estou esperando o visto, para poder voltar, e uma coisa sempre pega, o custo, Luanda é a capital mais cara do mundo, e por incrivel que parece, com um indice de pobreza gigantesco (55% dos angolanos vivem abaixo da linha de pobreza, com apenas 1,20 dólares disponíveis por dia). Deixo abaixo uma publicação do jornal O país, para ser lida e avaliada, se você veio procurar sobre o custo de vida em Angola, fica também a dica.
Infelizmente e dificil não criticar ou não se contentar, em ver tanta disparidade em um país rico onde a sua produção petrolífera em Janeiro ultrapassa 1,8 milhões de barris diários.
If you want read in English, just click here.
Um relatório publicado recentemente em Luanda pela Fundação Open
Society aponta que as desigualdades sociais no país continuam
acentuadas, principalmente nos domínios da renda e sua distribuição, nas
várias regiões e consequente divisão urbana e rural.
O mesmo
documento, com cerca de 100 páginas, indica ainda a existência profunda
de diferenças em termos raciais e as classes existentes, assim como no
acesso aos serviços sociais, nomeadamente para os grupos mais
vulneráveis, entre os quais as mulheres que habitam nas áreas rurais.
O
estudo aponta que quanto à distribuição da renda o país foi descrito
como “fortemente assimétrico” porque o crescimento económico que se
assiste desde o fim da guerra em 2002 não retirou a Angola o estatuto de
“país pobre mais rico do mundo”.
O estatuto assenta nos
contrastes que os autores do documento estabeleceram, por exemplo, entre
a coexistência entre a elite rica e os numerosos jovens vendedores de
rua. E ainda os crescentes musseques com os novos arranha-céus na baixa
de Luanda, para além de outras disparidades entre os ultra-ricos e os
paupérrimos.
Outro aspecto ressaltado é a distribuição de renda
funcional desigual, apesar de o Governo ser o principal receptor das
receitas provenientes dos recursos mais valiosos do país e das maiores
exportações, no caso do petróleo e diamantes. Não obstante este facto,
algumas províncias do país continuaram a receber mais renda do que
outras.
O relatório indica que uma das principais manifestações
da desigualdade é a forte dependência do petróleo e o facto deste único
sector não fornecer meios para a distribuição equitativa da renda.
“Nem
a indústria petrolífera nem a de mineração constituem fontes para uma
maior distribuição da renda, porque são de capital intensivo e não
indústrias de mão-de-obra intensiva e não criam oportunidades de emprego
para a população em geral, que três décadas depois da independência é
maioritariamente analfabeta e sem competências especializadas”, adianta a
Open Society.
Ainda sobre as diferenças regionais, acredita-se
igualmente que a guerra civil contribuiu substancialmente para manter o
status quo, uma vez que houve momentos em que o Estado angolano
controlava somente um terço do território e o restante estava nas mãos
da UNITA.
Cerca de 10 anos depois do fim da guerra, o estudo
realça que províncias afectadas pelo conflito como Huambo, Bié,
Kuando-Kubango, Cunene e Malange apresentavam altos níveis de
insegurança alimentar e vulnerabilidade, uma informação baseada num
levantamento efectuado pelo Programa Alimentar Mundial em 2005.
Outras
províncias como Kwanza Sul e Bengo, que fazem fronteira com a capital
Luanda, apresentam indicadores sociais comprometedores.
A
primeira continua a ter elevadas taxas de insegurança alimentar e de
malnutrição entre as crianças, apesar de estarem próximos da capital do
país.
Mesmo alojando as principais empresas dos sectores
petrolíferos e diamantíferos, as províncias do Zaire, Benguela,
Lunda-Norte e Lunda-Sul não registaram desenvolvimento significativo. O
relatório salienta que os maiores contribuintes para o Produto Interno
Bruto (PIB) não têm grande impacto na melhoria de condições locais nas
províncias em que vêm operando e um exemplo claro é a localidade que
acolhe o Projecto LNG e as diamantíferas situadas no leste do país.
“Estas províncias continuam a ter maus serviços sociais, elevado
desemprego e, no caso das províncias diamantíferas da Lunda-Norte e
Lunda-Sul, as questões de segurança e de abusos dos direitos humanos
foram documentadas e atribuídas tanto à Polícia Nacional como às
empresas de segurança das empresas diamantíferas a operar nas
províncias”, acrescentam os autores.
À guerra é também imputada a
rápida urbanização e os elevados níveis de pobreza urbana criadas como
resultado das pessoas que fugiam das áreas rurais durante os anos 80 e
90.
Estima-se que os angolanos sejam hoje 16, 5 milhões, sendo 60 por cento da população menor de 20 anos de idade.
Os
estudiosos da fundação consideram que esta população jovem está
maioritariamente concentrada em Luanda, província que recebeu o maior
número de fugitivos da guerra e cujos habitantes rondam hoje cerca de 4 a
5 milhões. Mas relatórios recentes indicam que a população angolana
seja de 17 milhões e 6 a 7 milhões vivem na capital do país.
“Por
ser a capital política e económica, desenvolveu-se em Luanda um
extremamente grande sector informal, criando os mecanismos de
sobrevivência para uma grande parte dos habitantes que têm poucos
conhecimentos e baixo nível de educação”, esclarece o relatório.
Um
dos exemplos de um musseque de indivíduos pobres apontado é o município
do Cazenga que, segundo os estudiosos, alberga a maioria dos pobres
urbanos e uma parte deles vive com menos de 1 dólar por dia.
Quanto às desigualdades raciais e de classe, as principais conclusões da
análise preliminar indicam que ainda é aplicada a contínua prática da
assimilação e discriminação conforme concebidas pelos poderes coloniais,
com denominação e distinção entre variações de cor ou raças mistas
(branco puro, cabrito, mestiço, mestiço escuro e claro, cafuso, negro
escuro e fulo) ainda facilitam e desempenham um papel no acesso à
educação, empregos e recursos.
Critica também o facto de a
discriminação e a desigualdade não serem denunciadas, mas comentadas
como uma questão de destaque tanto para os que representam a minoria
(mestiços e brancos ou grupos étnicos como bakongos, cokwe, san) e os
que representam a maioria (negros e grupos étnicos como mbundus e
ovimbundus).
Realça-se que grupos minoritários como os sans
sofrem uma profunda discriminação ao nível racial e económico, porque
alguns vivem mesmo em condições de quase escravatura, como consequência
da progressiva ocupação do seu espaço e da inviabilização do seu modo de
vida de caçadores-recolectores.
Olá Carol,
ResponderExcluirTambém me chamo Carol. rsrs
Meus esposo tem uma proposta de emprego em Luanda, e eu gostaria de conversar com vc sobre isso, só que de uma forma mais reservada.
Pode ser?
Me mande um e-mail.
Estarei aguardando
Oi Carolina Tudo bem? Você não me deixou e-mail para poder responde-la, entre em contato comigo kauparreira@gmail.com
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