02 julho 2013

Chegadas e Partidas



Nova Marginal em Luanda.

De volta a Luanda, passei 3 meses fora e quando volto sinto que nada mudou, apesar de o ano ter começado atribulado, não posso dizer que tenha melhorado cem por cento.
 Viver em Luanda pra mim não é muito prazeroso, como digo muitas vezes, é mais prazeroso quando posso viajar, nem que seja para minha casa no Brasil, poder visitar minha casa, ver minha mãe ou o meu “Tico” ( o poodle que minha mãe tem) me deixam um pouco feliz, agora tenho um motivo maior porque estou fazendo uma reforma na casa, e reforma apesar dos contratempos é sempre bom, porque estamos renovando as coisas, e gosto disso! 






 

Pluto e Pinky ela sempre lambia o nariz dele!

 
Mas a minha volta pra Luanda, dessa vez foi triste, perdi os meus ratinhos queridos, O White morreu ainda estava a caminho estava em Bergen, ao chegar em Luanda, perdi o Lennon, ele já não andava e minhas lágrimas rolavam cada vez que o via na gaiola com aquele olhar triste, eles já estava cegos, já não estavam bem, a 3 semanas atrás a minha melhor amiga de Luanda morreu, a Pinky, foi amor a primeira vista, ela era tão pequenina e tinha aquele olhos vivos e vermelhos, me apaixonei e queria muito ela, comprei, na gaiola tinha um outro ratinho mas levei ela primeiro, fiquei uma semana com ela, apesar de brincar e conversar com ela, ela se sentia sozinha, resolvi voltar e buscar o outro ratinho que estava na gaiola, infelizmente era um macho, mas nomeamos ele de White, e colocamos na gaiola, e la estavam meus primeiros grandes amigos nessa caminhada dura de Luanda. Eles cresceram e logo começaram a dar filhotes, levei a loja de animais e disse que não poderia ficar com eles, eles aceitaram os filhotes, e voltei la por muita vezes para deixar mais, o rato branco pode dar cria a cada 21 dias –(.  
Pinky e White
 Em uma dessas vezes meu motorista pediu que ficasse com 2 filhotes, que não sei qual razão nunca foram pra casa dele, e foram ficando comigo, cresceram, e os filhotes se multiplicaram. Pois é 4 anos depois, ele estavam comigo, mas já velhos a vida média de um rato branco é de mais ou menos 2 anos, os meus estava para fazer 4 anos, e os filhotes 3. Só tenho mais um dos meus quatro companheiros a Yoko irmã e companheira do Lennon, engraçado que tê-los em minha casa foi muito bom, infelizmente descobri que em Luanda se comem ratos, e esse nunca foi meu objetivo com eles. A Yoko já não enxerga bem, os olhinhos agora  são rosados, e ela se sente sozinha, senta na gaiola, antes cheia e me olha com olhinhos solitários. 
Acredito que meu tempo em Luanda esta se esgotando pois sempre pedi que se tivesse que ir, que fosse sem ter que me desfazer dos ratinhos....
Leticia, Eu, Elenilce e Tati

Infelizmente até agora não sei notícias do Pluto, não escondo que ainda tenho esperança de o reencontrar, ainda dói, sinto saudades e ainda choro bastante de saudades do meu filho querido. Não sei se algum dia o irei esquece-lo ou se a dor vai passar.
Incrível como as pessoas sabem me criticar ou tem sua opinião sobre o que sinto pelo Pluto, ou o que deveria sentir ou fazer! O que me irrita é que ninguém parou para tentar entender....
Conheço poucas pessoas em Luanda, como o marido não é brasileiro fica difícil se inteirar e até se entrosar com os brasileiros alocados em Luanda. Nesse tempo todo, 4 anos estará fazendo no final do mês, eu não tinha tido vizinhos com quem pudesse conversar ou que fosse do meu país, e há quase um ano, tive a sorte de ter uma brasileira como amiga e vizinha, a Elenilce,  maranhense, simpática com um filho lindo, grávida do segundo. Como era de se esperar na altura do parto ela foi para casa, nesse caso na Itália, para ganhar o filho, passou lá alguns meses, só voltou este ano, eu desde dezembro venho correndo de um país para o outro em virtude de o  sogro ter tido problemas sérios de saúde. Em fevereiro o sogro faleceu, e eu vi para o Brasil, pois resolvemos reformar a casa.
Nesse interim o marido da vizinha foi convidado a ir para outro local de trabalho na Costa do Marfin, e o começo de junho ele se mudaram para lá, deixando um grande vazio, não só na casa ao lado da minha como também em mim. A Elen me fara falta, era bom ter uma vizinha que podia conversar! 
Também em junho minha outra amiga Tati, teve que fazer as malas, não porque está deixando Luanda, mas porque teria que vir ao Brasil por um motivo muito esperado, aguardar a vinda da princesa Sofia a filha que ela esperou e planejou e logo estará reinando entre nós. Ela já tem um filho lindo, chamado João Vitor, uma amor de criança, cada vez que penso em filhos penso que os meus deveriam ser como o dela. A Tati não volta esse ano mais para Luanda, por motivos óbvios, e só nos veremos no próximo ano.
Leticia,Tati,Deliane,Eu,Elenilce, fiz um almoço de despedida na minha casa para Tati e  Elen antes de partirem.

carregadores
A vida em Luanda tem sido cada dia mais dura, quando a situação da violência aumenta a cada ano e nos faz cada vez mais se trancar em casa e temer pelas vidas.
O mês de junho foi um pouco duro, tive que dizer adeus a uma amiga, e até logo a outra que talvez só volta no próximo ano.
O pior é a sensação que fica, que sinto que todos estão evoluindo, estão progredindo e que eu estou parada no  tempo e no espaço. Desejava que logo eu pudesse também dizer tchau a essa fase e passar para a próxima, renovada e com mais esperanças. Sinto que as minhas estão se esvaindo.
Voltar a Luanda tem sido cada vez mais difícil, com tantas perdas e tantas mudanças me deixam sem a vontade de continuar, e tem me feito pensar e avaliar o que vou fazer para o próximo semestre e talvez para o resto da minha vida. Tenho grandes decisões a tomar e não sei por onde começar.
Como já havia dito, ter filhos em Luanda é quase que impossível, principalmente quando a taxa de mortalidade de mulheres no parto ainda é alarmante. As mulheres ainda tem dificuldades ate mesmo de ir ao ginecologista. Eu mesma não tenho acesso, apesar de a empresa ter um plano de saúde. Só posso visitar algum especialista quando venho ao Brasil.
Estou de volta ao Brasil para a fase final da minha reforma, infelizmente a TAP, não enviou-me as malas e estou a 4 dias sem malas e sem saber onde estão e quando vem.

Enquanto não chegam, estou aqui presa a uma casa empoeirada e com algumas histórias para contar!
Rotatoria perto do Largo do Ambiente, centro de Luanda

Vida que segue, em Luanda
 
Todo canto tem gente,passando comprando, carregando...

2 comentários:

  1. Olá Carol,
    Fiquei conhecendo o seu blog hoje, e fiquei muito alegre e triste ao mesmo tempo com os acontecimentos em sua vida aí em Angola; tenho um cãozinho também, é o Max, amo ele, e não sei como seria sem ele.
    Estou de mudança para Luanda, eu, meu esposo, meu filho e o Max.
    Já estive aí, porém precisei voltar para pegar o visto permanente, porém tenho sofrido um pouco, porque como vc mesmo menciona em um dos seus post's, Angolano não gosta de estrangeiro.
    Somos de uma Igreja Evangélica, é o nosso Apostolo nós enviou a Angola para regularizarmos a igreja, mais não esta sendo fácil, temos passado por muitas dificuldades, muitas perseguições, só pra vc ter uma ideia, o meu esposo foi preso quando estava a 30 metros da igreja que se encontra fechada por ordem do governo, depois do acidente que ocorreu com a Igreja Universal, onde foi ordenado que todas as igrejas do país fossem fechadas, enfim, ele estava a 30 metros da igreja e foi preso, acusação "estava dentro da igreja realizando um culto evangélico", ironico né? Mais ele foi solto, o juiz verificou que de fato foi armação e o libertou. É uma grande luta, mais cremos que em nome de Jesus já somos vencedores.
    Senti a vontade de conversar com vc um pouco, e desde já lhe peço desculpas por minha atitude, mais é que fiquei, como falei no inicio feliz por saber que tem pessoas boas lutando pela sobrevivência em um país na qual estarei em breve fazendo parte também. Vi que vc fez o curso de direito, fiquei feliz com isso também, porque esta sendo outra luta para mim; estou no quarto ano do direito e tenho que parar ou transferir para Luanda, não sei o que fazer, estou muito triste por não poder dar continuidade a um sonho, sei que esta nas mãos de Deus, e que ele irá me conduzir da forma que ele deseja.
    Carol, estou feliz por estar falando com vc, espero que Deus te abençoe, e vou orar pelo Pluto, que Deus abençoe a vidinha dele também, e se for possível, que Deus o traga de volta.
    Espero em breve estar aí em luanda começando um novo momento em minha vida, e se for da vontade do Pai, espero ter o presente de lhe conhecer, e de poder estar trocando um pouco mais dos nossos conhecimentos.
    Um grande abraço, que Deus abençoe vc e o seu lar.
    Adriana Souza
    adrianasouza1305@gmail.com

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  2. Obrigada Adriana, e dificil eu sei, já se vão quatro anos em Luanda, 1 ano e meio sem o Pluto, meu companheiro, realmente e sofrido, e oro todos os dias, para que eu tenha paciencia e consiga entender o porque e conseguir superar e esperar o tempo de Deus,(sou impaciente até demais) e para que eu consiga encontrar o Pluto, mesmo que não o consiga de volta, sinto muita falta dele, ainda choro confesso as pessoas não nos entendem. E complicado porque mesmo os brasileiros que sabem da situação em que se encontra o país preferem mentir esconder e muitos ate me recriminam, e pelo fato de atualmente não saber o que esperar pois ainda não sabemos quando vamos embora de lá. Olha pode deixar te escrevo, espero que diferente de mim tenha melhores momentos em Luanda. Quanto a faculdade em Luanda, sinceramente tranque, espere pois não vale a pena estudar lá, e pelo fato de direito ser uma coisa unica de cada país, se formar em Luanda não vai poder simplesmente voltar e so fazer prova para Ordem, vai ter que fazer um exame provando que conhece as leis brasileiras para poder validar seu diploma... Acho muito complicado, e as leis atuais angolanas são tiradas do codigo português, eles ainda não tem leis independentes.
    Eu sou vitima do sistema policial, governamental nem sei o que mais pelo fato de o caso do Pluto ter ficado sem solução, a polícia nada fez, o dono do canil até de morte nos ameaçou. E a dor maior e saber que em jogo esta um animal que não pode se defender sozinho. O que posso te dizer e que viver em Luanda nos fortalece nos abre os olhos, e sei que Deus nos enviou lá por algum motivo que talvez eu ou você não consigamos ver, eu sou católica, mas tenho fé como você. Obrigada pelo carinho, e nos vemos em Luanda.

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